
Linguagens e TDICs no ensino de História

Não tem como negar que a gente vive mergulhado em um mundo cheio de mídias digitais. São redes sociais, vídeos, memes, notícias e informações pipocando o tempo todo, de todos os lados. Esse ambiente super conectado e cheio de possibilidades faz parte da chamada sociedade hipermidiática. Ela não fica só nos meios tradicionais, como TV e rádio, mas cresce cada vez mais com as tecnologias digitais, mudando a forma como as pessoas se comunicam, aprendem e enxergam o mundo à sua volta. Por isso, saber lidar com tanta informação virou uma habilidade fundamental — e é aí que entra o tal do letramento midiático e tecnológico.
Letramento midiático nada mais é do que aprender a usar, entender, analisar e até criar conteúdos em diferentes mídias. Não é só saber mexer no computador ou no celular, mas principalmente olhar para tudo isso com senso crítico: desconfiar de notícias duvidosas, perceber quando estão tentando manipular, saber de onde vêm as informações e quem está por trás delas. Num mundo onde todo mundo publica, compartilha e opina, essa habilidade ajuda a gente a não cair em fake news e a enxergar o que está por trás das mensagens que circulam por aí. Na escola, isso faz toda a diferença — especialmente nas aulas de História, onde muitas vezes aparecem versões distorcidas dos fatos ou debates que mexem com a memória coletiva.
As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, conhecidas como TDICs, trouxeram um monte de novidades para o ensino de História. Hoje, é possível acessar fotos antigas, documentos históricos, vídeos, mapas interativos e até jogos educativos sem sair da sala de aula (ou de casa). Isso deixa o aprendizado muito mais interessante e interativo.
Além disso, professores(as) e estudantes podem criar projetos, trocar ideias em grupos online, montar linhas do tempo digitais e discutir diferentes versões de um mesmo acontecimento. Só que, para tudo isso dar certo, é importante saber usar as ferramentas com propósito e senso crítico, e não só porque está na moda ou porque é mais prático.
A disciplina de “Linguagens e TDICs no Ensino de História” compõe o Projeto Pedagógico do Curso de História da Universidade Federal de Rondonópolis e busca propiciar aos(às) discentes do curso de História o conhecimento acerca do uso de Linguagens artísticas e de Tecnologias digitais da Informação e Comunicação no contexto escolar, especialmente nas aulas da disciplina de História. Através da prática da atividade de extensão, buscar-se-á vivenciar a execução desse conhecimento por meio de atividades voltadas às áreas temáticas de comunicação, cultura, tecnologia e produção, educação e trabalho. Ou seja, propõe-se um projeto formativo que integra cinco áreas temáticas distintas, buscando-se contribuir para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil, Agenda 2030 da ONU, em seus objetivos 4 “Educação de Qualidade” e 8 “Trabalho decente e crescimento econômico”. A disciplina com carga horária extensionista visa atender o que rege a Resolução CNE/CES nº 7, de 18 de dezembro de 2018, que determina que pelo menos 10% da carga horária curricular seja destinada às atividades de extensão.
Essas disciplinas extensionistas aproximam quem está na universidade da vida real das escolas e das comunidades. Participando de projetos assim, futuros professores(as) podem testar novas formas de dar aula, experimentar atividades diferentes, trabalhar em grupo e propor ações que realmente façam sentido para os estudantes. Essas experiências ajudam a entender de verdade acontece na escola, valorizam a história local e ainda incentivam a participação dos(as) estudantes em projetos de memória, exposições, oficinas de mídias digitais, entre outras iniciativas.
2024/1
A turma de 2024/1 construiu o projeto "Feira Cultural" com o objetivo de apresentar aos(às) estudantes da educação básica outras formas de conhecer a história da cidade de Rondonópolis, através de fotos de arquivo, fotos produzidas pelos(as) próprias graduandos(as), além de utilizarem óculos de Realidade Virtual para propiciar "viagens" a museus e lugares históricos distantes.
Os resultados do projeto “Feira Cultural” foram extremamente positivos, atingindo os objetivos propostos, especialmente no que diz respeito à ampliação do interesse pela história local e da perspectiva de como se aprende sobre História Dentre os materiais utilizados/produzidos, destacam se curadoria de fotografias de acervo que registram espaços de sociabilidade e de instituições de Rondonópolis produção de fotos desses espaços na atualidade, propiciando evidenciar as transformações e permanências produção de áudios guias, disponibilizados via QR Code sobre o Correio Velho, Vila Operária, Praça dos Carreiros, Casario e Candomblé produção de papéis com estética de envelhecimento produção de cartas ficcionais exposição de trechos retirados da tese de Luci Lea Lopes, sobre a vinda de pioneiros para Rondonópolis curadoria de vídeos em realidade virtual para a “ a museus regionais e internacionais.
O projeto foi realizado de forma presencial, atingindo um público superior a 300 estudantes da educação básica, além de cerca de 20 docentes de diferentes disciplinas Na instalação que foi criada, os participantes puderam interagir ativamente com os materiais disponibilizados e com os(as) graduandos(as) que se revessaram para atender a dois turnos escolares A avaliação da ação extensionista incluiu a coleta de feedback dos(as) estudantes, que expressaram suas reflexões e sentimentos através de cartas depositadas no “ montado no local do evento Dessa forma, pode se afirmar que os objetivos propostos, tanto para a “Feira Cultural” como para o componente curricular, foram alcançados com sucesso, promovendo impacto e transformação social a partir da valorização da história local e apreciação de diferentes linguagens e tecnologias que podem ser mobilizadas para se aprender História, ultrapassando os limites das páginas dos livros didáticos.
Essas experiências contribuíram ativamente para a formação dos(as) futuros(as) docentes em História, demonstrando na prática a indissociabilidade entre ensino pesquisa extensão e os ganhos advindos a proximidade entre a universidade e a comunidade, evidenciando a importância de metodologias ativas e da criatividade nos processos de ensino aprendizagem

2025/1
A turma de 2025/1 elaborou o projeto "Trabalhadores (in)visibilizados", uma exposição fotográfica elaborada para sensibilizar o olhar a respeito de profissões e trabalhadores(as) que são poucos valorizados socialmente. Para tanto, os(as) graduandos(as) do curso de Licenciatura em História passaram por processos formativos diversificados, envolvendo oficinas de fotografia digital, leitura semiótica e cinematográfica, além de formações sobre os mundos do trabalho e suas representações na contemporaneidade.
Ao longo dos meses, foram realizadas pesquisas sobre os temas escolhidos, curadoria de fotografias e elaboração textual que acompanha cada uma das imagens selecionadas para compor a exposição. Em cada uma dessas etapas, o protagonismo estudantil foi a base que direcionou a tomada de decisões coletivas, o que pode ser vislumbrado nos materiais produzidos para compor a ação extensionista.
Clique na imagem abaixo para acessar o catálogo da exposição fotográfica "Trabalhadores (in)visibilizados" (ou no botão para ter acesso à versão em pdf), sendo ainda um convite para que docentes e estudantes possam lapidar seus olhares para profissionais tão importantes do nosso cotidiano, mas que nem sempre recebem o reconhecimento devido.


